O Google acaba de dar mais uma guinada na corrida pela IA, que está em rápida evolução. E seus maiores concorrentes estão atentos a isso.
“Estamos muito satisfeitos com o sucesso do Google — eles fizeram grandes avanços em IA e continuamos a fornecer para o Google”, escreveu a Nvidia em uma postagem de 25 de novembro no X, antes de acrescentar que “a NVIDIA oferece maior desempenho, versatilidade e fungibilidade do que os ASICs” (circuitos integrados de aplicação específica) como os fabricados pelo Google.
“Parabéns ao Google pelo Gemini 3! Parece um ótimo modelo”, escreveu também o CEO da OpenAI, Sam Altman, no X.
O CEO da Salesforce, Marc Benioff, escreveu no X que não vai voltar ao ChatGPT depois de experimentar o novo modelo do Google. “O salto é insano – raciocínio, velocidade, imagens, vídeo, tudo está mais nítido e rápido. Parece que o mundo mudou novamente”, escreveu ele.
Agora, a Meta estaria em negociações com o Google para comprar seus chips Tensor, de acordo com o The Information, depois que a Anthropic anunciou em outubro que planeja expandir significativamente o uso da tecnologia do Google.
As ações do Google subiram quase 8% na semana passada, enquanto as da Nvidia caíram pouco mais de 2%.
Em jogo está mais do que apenas o direito de se gabar ou alguns contratos de venda.
À medida que a indústria de tecnologia afirma que a IA irá remodelar o mundo — incluindo carteiras de investimento pertencentes a todos, desde bilionários a aposentados com planos de pensão —, qual empresa e qual visão sairão na frente poderá afetar quase todos os americanos.
À primeira vista, a publicação da Nvidia diz que a empresa não está preocupada com a invasão do Google em seu território. E por um bom motivo — os chips do Google são fundamentalmente diferentes dos produtos da Nvidia, o que significa que não são uma alternativa equivalente.
Mas o fato de a OpenAI e a Nvidia terem sentido a necessidade de reconhecer o Google é revelador.
“Eles estão na liderança por enquanto, digamos assim, até que alguém lance o próximo modelo”, disse Angelo Zino, vice-presidente sênior e líder de tecnologia da CFRA, à CNN.
O Google e a Meta não responderam imediatamente a um pedido de comentário. A Nvidia se recusou a comentar.
O líder por enquanto
O Google não é exatamente um azarão em IA.
Junto com o ChatGPT, o Gemini é um dos chatbots de IA mais populares do mundo, e o Google é um dos poucos provedores de nuvem grandes o suficiente para ser conhecido como “hyperscaler”, um termo usado para se referir a um punhado de gigantes da tecnologia que alugam recursos de computação baseados em nuvem para outras empresas em grande escala. Serviços do Google como o Search e o Translate usam IA desde o início dos anos 2000.
Mesmo assim, o Google foi pego de surpresa pelo ChatGPT da OpenAI quando ele chegou em 2022.
De acordo com o The New York Times, a administração do Google teria emitido um “alerta vermelho” em dezembro de 2022, após o sucesso aparentemente repentino do ChatGPT. O ChatGPT tem agora pelo menos 800 milhões de usuários ativos semanais, de acordo com sua fabricante, a OpenAI, enquanto o aplicativo Gemini do Google tem 650 milhões de usuários ativos mensais.
Mas o Gemini 3, que estreou em 18 de novembro, agora está no topo das tabelas de classificação de benchmark para tarefas como geração de texto, edição de imagens, processamento de imagens e conversão de texto em imagens, colocando-o à frente de rivais como ChatGPT, Grok (xAI) e Claude (Anthropic) nessas categorias.
O Google disse que mais de um milhão de usuários experimentaram o Gemini 3 nas primeiras 24 horas, tanto por meio do programa de codificação de IA da empresa quanto das ferramentas que permitem que serviços digitais se conectem a outros aplicativos.
Mas as pessoas tendem a usar diferentes modelos de IA para diferentes fins, diz Ben Barringer, diretor global de pesquisa tecnológica da empresa de investimentos Quilter Cheviot. Por exemplo, os modelos da xAI e da Perplexity estão classificados acima do desempenho de pesquisa do Gemini 3 em testes de benchmark.
“Isso não significa necessariamente que a Alphabet (controladora do Google) será a última palavra em IA”, disse Zino. “Eles são apenas mais uma peça desse ecossistema de IA que continua a crescer.”
Mais concorrência no mercado de chips
O Google começou a fabricar seus chips Tensor muito antes do recente boom da IA.
Isso se deve principalmente ao fato de os chips da Nvidia serem potentes e poderem ser usados de forma mais ampla. A Nvidia e sua principal rival, a AMD, são especializadas em chips conhecidos como unidades de processamento gráfico, ou GPUs, que podem realizar rapidamente grandes quantidades de cálculos complexos.
Os chips Tensor do Google são ASICs, ou chips feitos sob medida para fins específicos.
Embora as GPUs e os chips do Google possam ser usados para treinar e executar modelos de IA, os ASICs geralmente são projetados para “cargas de trabalho mais restritas” do que as GPUs, disse Jacob Feldgoise, analista sênior de pesquisa de dados do Centro de Segurança e Tecnologia Emergente de Georgetown, à CNN em um e-mail.
Além das diferenças nos tipos de chips em si, a Nvidia fornece pacotes completos de tecnologia para uso em data centers que incluem não apenas GPUs, mas também outros componentes críticos, como chips de rede.
Ela também oferece uma plataforma de software que permite aos desenvolvedores adaptar seu código para que seus aplicativos possam fazer melhor uso dos chips da Nvidia, um importante argumento de venda para conquistar clientes de longo prazo. Até mesmo o Google é cliente da Nvidia.
“Se você observar a magnitude das ofertas da Nvidia, verá que ninguém realmente consegue competir com ela”, disse Ted Mortonson, estrategista do setor de tecnologia da Baird.
Chips como os do Google não substituirão a Nvidia tão cedo. Mas o aumento da adoção de ASICs, combinado com uma maior concorrência da AMD, pode sugerir que as empresas estão buscando reduzir sua dependência da Nvidia.
E o Google não será o único concorrente no mercado de chips de IA, disse Barringer, da Quilter Cheviot, e é improvável que ele alcance o domínio da Nvidia.
“Acho que isso faz parte de um equilíbrio”, disse ele.
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